O CAOS E A ORDEM INVERSA, REVERSA OU AVESSA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

INTERROMPEMOS NOSSA PROGRAMAÇÃO PARA UM COMUNICADO!
Usarei o espaço do meu blog sobre imagens para um longo texto de desabafo. Obrigada.

Não há como dar início a esse texto sem dizer duas coisas: estou tomada, preenchida de tristeza e transbordando muita vergonha e raiva. Tristeza por ratificar mais uma vez minha opinião sobre como funciona a imprensa de linhas editoriais tão fortes que censuram o debate aberto e a interatividade com o leitor. Vergonha porque eu me graduei em jornalismo com o sonho de informar de maneira imparcial e perceber que eu sou uma das poucas “trouxas diplomadas” com senso de ética jornalística nesse país. Raiva porque logo aqui, onde se lutou tanto e tanta gente morreu em prol da liberdade de expressão para todas as áreas de manifestação cultural, minha opinião foi calada frente a uma política editorial que só posso julgar (sim, com todas as palavras, estou julgando) barata e preconceituosa.

Explico o motivo: O jornalista André Forastieri resolveu publicar em seu blog no conglomerado R7.com um texto intitulado “Ronnie James Dio, o Deus Ridículo do Rock”. Notei uma movimentação um tanto quanto revoltada por parte dos meus amigos que leram o texto e trabalham com música, seja em produção, imprensa ou promoção de espetáculos, mais especificamente na área que Dio representava através da sua obra. Resolvi ler. E minha cara caiu no chão. De vergonha alheia. Abri o editor de texto e saí digitando furiosamente um comentário maior do que o post que me gerou tanta revolta. É a lei da ação e reação. E ariana tríplice como eu sou não revisei, não quis nem saber, postei.

Depois de postar meu comentário, fiquei aguardando a “moderação”, enquanto lia os demais comentários. Entre muitos comentários ofensivos e agressivos, pensei então que o meu comentário estava até que bem escrito, e continha mais revolta com a falta de ética jornalística e até mesmo de conhecimento de causa para escrever do que com a ausência de respeito a um dos meus cantores prediletos. Qual não foi minha surpresa após meu longo dia de trabalho quando acessei de casa o blog do Sr. Forastieri e percebi que meu comentário havia sido descartado pela moderação.
Eu sempre fui leitora dos meios para os quais o Sr. Forastieri escreveu e escreve até os dias atuais, portanto, eu, ao contrário de muitos outros revoltados que comentaram, conheço o estilo dele. E conheço também a política editorial da emissora dona do conglomerado R7.com, com a qual não concordo e jamais concordei. É a emissora que à noite, durante seu programa interativo com pastores e bispos, “propõe” debates sobre situações polêmicas ou de utilidade pública e que veta veementemente a participação de telespectadores que não sejam freqüentadores da igreja que sustenta a emissora e, consequentemente, o programa de debates e o conglomerado. É a emissora que vive dando um jeito de falar mal de outras religiões, evidenciarem de maneira negativa estilos musicais com os quais não concorda e é contraditória ao longo de sua programação. Confunde seu telespectador.

Mesmo assim, ignorem parte do parágrafo acima, eu divaguei. Eu tenho duas perguntas ao Sr. Forastieri:

1)Quem modera os comentários do seu blog?
2)A sua liberdade de expressão é infinita enquanto a minha é totalmente limitada?

Eu senti meu texto, meus sentimentos e minha inteligência censurados. E até onde eu ainda me lembro, estamos num país onde há (ainda) liberdade de expressão. Em seu microblog, o Sr. Forastieri ainda escreveu outras coisas que eu preferi ignorar. Mas me revolta mais ainda lembrar que a minha liberdade não começa onde termina a do Sr. Forastieri. Ela começa quando e se o Sr. Forastieri assim o determinar.

Eu li a política de comentários dos blogs, não sou nenhum tipo de ignorante. E se o meu comentário foi censurado, nenhum comentário agressivo ali deveria existir. Ou seja, praticamente NENHUM comentário deveria estar ali, publicado e disponível para consulta dos demais leitores. Sabem por quê? Porque quando eles não ofendiam ao Sr. Forastieri, ofendiam aos que comentavam e argumentavam contra o texto do Sr. Forastieri.

Quando eu habilito comentários em um blog meu, estou sujeita a crítica e elogios. Quem sou eu para censurar quem me odeia ou odeia o que eu escrevo? Eu vou limitar a capacidade de expressão do meu próximo?

Eu fiz outro comentário depois, nessa madrugada, sobre a censura do meu texto anterior. Resultado? Censura de novo!

Mas vejam só... Surpresa!

Eu também tenho um blog. Eu tenho dois blogs. Eu tive vários blogs, eu também escrevi colunas e críticas, eu sei escrever! Eu posso me expressar no MEU BLOG sem censura. E os comentários estão abertos. Eu não preciso me esconder atrás de um conglomerado, atrás dos meus amigos jornalistas e assessores de imprensa que são famosos e premiados.

Segue meu comentário que foi CENSURADO no blog do Sr. André Forastieri. Dei-me ao luxo de corrigir meus erros de digitação e de recriar algumas das sentenças.

Meu professor na faculdade de jornalismo já dizia, e bem dizia: “Crítico cultural gosta de ser arrogante, agressivo, mas detesta quando é criticado da mesma maneira”.

[+] 18/5 – Por volta de 13h:

Ao ler o texto todo, eu só consegui sentir PENA de um sujeito como você, meu querido André Forastieri. Vejo inclusive que, um ou outro fã de outros estilos musicais veio aqui comentar e, como você, de maneira bem preconceituosa, saiu julgando a dor e a saudade que DIO fará na vida de muitas pessoas.

Gente pequena de cabeça querendo criticar gente tão grande de alma como o Dio. E fãs que são PURA alma, como os fãs dele. E fãs de heavy metal, que em minha opinião, fabrica grandes gênios deixados de lado pelo preconceito do mesmo tipo que encontrei nos comentários de alguns leitores e do próprio texto.

Foi amador. Foi desnecessário.

Não se escreve com TAMANHA FALTA DE RESPEITO de um profissional como Ronnie James Dio, que influenciou muitos outros vocalistas no cenário do rock mundial e criou o maior ícone de representação do heavy metal.

Não vim comentar aqui para ensinar aos ignorantes musicais que pensam saber o que é heavy metal, quais são suas origens, suas vertentes e o porquê de suas letras. Deixo isso como está e azar de quem é preconceituoso... Mas você...

Não se fala daquilo que não se sabe. Você pesquisou Dio, Sabbath e sua teoria toda no Wikipedia? Viu oportunidade de mercado ao invés de talento? Nunca ouviu falar do Elf, não é? Pois foi essa a primeira banda que deu visualização para o Dio, e o Elf já era uma enorme influência para vários garotos como Lars Ulrich, do Metallica (verdade, você também acha o Metallica um lixo...). Para você, que não conhece o assunto então... Shhhh (#silencio). Já dizia meu pai: "não sabe, não mexe". Você está brincando com fogo no seu blog.

Acho que você precisa estudar bastante sobre música, estilo, vertente, para depois vir aqui falar da forma como você falou do Dio. Nunca tinha acessado seu blog antes, confesso (não fez falta até hoje), mas não é preciso ler mais textos para saber o tipo de profissional que você é... É o "wannabe" de Álvaro Pereira Jr. ou então Arnaldo Jabor. Não conseguiu fazer isso direito quando você estava na Ilustrada? Ou você gosta de ser rendido por linhas editoriais que expurgam músicas que julgam ser "do demônio"?
Triste. Sinto pena mesmo. Coitadinho de você... Um pseudo-nerd que gosta de quadrinhos, videogame e critica o heavy metal... Realmente, só pode ser uma grande piada.

By the way, esse texto está mais parecido com cabeça de matéria do programa “Fala Que Eu Te Escuto”. Unilateral? Ambíguo?

O bom jornalista não deveria saber de todos os estilos musicais ou criticar apenas aqueles com os quais está familiarizado? Eu trabalho com todos os estilos, amo vários deles e detesto alguns outros. Ridículo é o crítico que quer fazer gracinha em cima de um momento que crê ser oportuno e é totalmente inapropriado.

Aliás, se você fez um programa de rock alternativo, trabalhou por tantos anos com o Álvaro Pereira Jr., você deveria ter um pouco mais de traquejo para criticar o que quer que seja em música. Nem o Álvaro fez uma afronta não PORCA quanto a sua.

Eu também sou jornalista, mas não me pego fazendo uma crítica tão nojenta e frustrada quanto essa sua aí, seja de uma banda ou uma pessoa que eu odeio, seja de algo que eu não conheço.

Acho que depois de tantos anos sem lembrar do que o professor te falou, é melhor que alguém te lembre as regras básicas de um bom jornalista: IMPARCIALIDADE, ÉTICA, RESPEITO e CONHECIMENTO DO CAMPO SOBRE O QUAL SE DEBRUÇA SUA PAUTA. Principalmente crítico especializado. Especialmente um crítico cultural.

Eu posso falar tranqüila disso. Posso falar com propriedade. Eu escolhi não participar da grande imprensa como ela é hoje. Ela é suja, parcial, triste, sensacionalista. Tipo isso aqui que você fez.

Dois conselhos para você, meu bem, que é blogueiro recente: cuidado com o assunto que você coloca em pauta e cuidado em como você aborda o assunto em pauta.
E faça um favor para si mesmo: queime sua coleção do Dio. Ele mal "esfriou" no caixão dele e provavelmente está se revirando ao saber que um ser tão patético e frustrado como você tem um disco dele na sua prateleira.

7 comentários:

Rage 19 de maio de 2010 às 10:11  

faço minhas tuas palavras, apoiada!
adiciono que, aos que ofendendo se fazem reconhecer, simplesmente estão legados ao reconhecimento de que nada merecem, nem mesmo ser reconhecidos.

João Luiz Zattarelli Junior (Johnny Z.) 19 de maio de 2010 às 12:01  

Jú, quem me dera se eu tivesse 1/9 da paciência de jó que vc tem hehehe. Eu concordo com tudo que vc disse. Infelizmente são pessoas da laia desse infeliz que acabam com o respeito que o jornalismo merece, sem contar, a falta de respeito e EDUCAÇÃO que ele "peidou" suas "palavras" naquele sitezinho infeliz.
Enfim, o que é dele esta guardado. beijo, Johnny

ARTUR GUERRA 19 de maio de 2010 às 13:50  

Obrigado Ju !

Meu post tb foi censurado no blog do canalha.

Minha campanha no twitter continua. "Fora @forastieri"

@arturguerra

Gabee 19 de maio de 2010 às 14:20  

Perfeito, Ju!
Eu evito ao máximo ler comentários em blogs/vídeos/sites em geral, e um dos motivos é a predominância de trolls, analfabetos e revolucionários de sofá.
A censura ao teu comentário soa como perfeita explicação para tal: parece que a Moderação - assim como os meios midiáticos mais populares - só está interessada no circo, ou seja, a diversão barata, a crítica pobre e banalizada.
Quando encontram comentários que de fato questionam, pisando em seus calos: Censura neles!
Lembro de ter ficado P*** da 1a vez que ouvi sobre o William Bonner chamando o "povão" de Homer Simpson.
Hoje em dia o aplaudo, não poderia ter colocado melhor.

Tatiana Batistela 19 de maio de 2010 às 21:04  

Juliana, este cara é no mínimo irresponsável.

Este texto repercutiu muito e tive oportunidade de ler opiniões que me fizeram constatar o quanto cada um pode ter uma leitura singular e tomar as dores por experiências distintas que viveram.

Estou dizendo isso porque o Sr André Forastieri não somente feriu o que uma grande fã do DIO, como eu, sente.

A minha maior indignação nesta história toda foi a falta de respeito com um ser humano que, infelizmente, perdeu a luta contra o cancêr.

Este jornalista entrou sem dar licença em um assunto que, para mim, é delicado. Meu pai morreu em uma mesa de cirurgia para retirada de um tumor. E eu sei o quanto é difícil abrir este assunto aqui porque não quero usar o DIO e muito menos o meu pai numa história tão infeliz como este incidente do texto.

Em nenhum momento a família do artista usou a doença como artifício para se promover. E a morte de uma pessoa seja lá quais foram os meios já é uma senhora apunhalada no coração. E eis que surge este ser e publica aquilo ali... e em troca do que?

Ele não tem família? Ele nunca ficou doente? Ele não tem ídolo? Ele não teve educação? Ele não sabe ser especial para alguém?

Ele questiona se faz sentido um roqueiro de 67 anos cantar sobre o combate entre o bem e o mal... diz ainda que DIO envelheceu mal, ficou careca.
Ninguém está livre de enfrentar as marcas do tempo aos 67 anos e acho que tem muita gente que gostaria de envelhecer fazendo o que gosta. Envelhecer com saúde tem sido um grande desafio.

E para finalizar:

"Ronnie James Dio, décadas de fracasso, feio como a necessidade, exato exemplo do que é mas ridículo no rock, sabia o que era ser mal-tratado."

Em uma única frase ele escancara o preconceito. Seja pela estética, pelo estilo de vida, pelo gosto musical e pela forma que a pessoa se coloca ao mundo.

Novamente... é muita irresponsabilidade e falta de respeito.

Um jornalismo que nada tem a ver com prestação de serviço.

Puro lixo.

Fernando Klinke 20 de maio de 2010 às 05:00  

O nome do BABACA já traduz tudo: "forasteiro", ou seja, que ou o que é estranho à terra onde se encontra; que ou o que é de fora (Houaiss). Gostaria que o "pegassem de pau", que é o que ele merece, aquele FRUSTRADO e FRACASSADO! "O RETORNO É IMPLACÁVEL". Juliana, minhas sinceras congratulações pelo seu post a respeito do assunto.

Unknown 20 de maio de 2010 às 10:43  
Este comentário foi removido pelo autor.

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Esse blog é dedicado a manifestações artísticas das mais variadas: ilustração, pintura, escultura, fotografia, arte urbana, vídeos... Vivemos diante de um caos sonoro, um caos visual, um caos geral! Vez ou outra, vou jogar uns textos por aqui...

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